segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Região se reafirma como um dos redutos do samba

“Valdir, vai buscar o tambor/ Laércio, traz o agogô/ Que o samba na Casa Verde enfezou./ Silêncio!”. Com esses versos, há 50 anos, o mais famoso dos sambistas paulistanos compunha a música “No Morro da Casa Verde”. Adoniran Barbosa homenageava a região que desde aquela época já se configurava como uma das moradas do samba na cidade. E não é por menos, a história do samba de São Paulo está intimamente ligada ao bairro e suas redondezas, que hoje abrigam cinco escolas de samba nos grupos especial e de acesso, além de escolas em outras categorias.
A história do relacionamento do lugar com o estilo musical conta com nomes importantes como Zeca da Casa Verde, Toniquinho Batuqueiro, Geraldo Filme, Carlão do Peruche, dentre outros. Conta também com uma das escolas paulistanas mais antigas, a Unidos do Peruche, fundada em 1954 por membros oriundos do grupo Lavapés, dentre eles Carlão do Peruche. “A zona norte é importante para o samba. Me orgulho da Unidos ser uma das pioneiras aqui. E a escola já nasceu grande, pois contava com membros tarimbados”, orgulha-se o sambista.
Outra escola antiga é a Morro da Casa Verde, criada em 1962 e dirigida por Dona Guga há 31 anos. A escola foi fundada pelo pai dela e tinha Zeca da Casa Verde como compositor. “O Zeca ficava sentado e ia compondo. Eu o conheci assim, em uma visita à casa da minha cunhada”, conta Dona Guga.
Embora nem todo mundo conheça a história, o samba ainda é a grande paixão das diferentes gerações. Gustavo de Oliveira, apesar de não ser do bairro, o adotou como comunidade por abrigar sua escola de coração, a Império de Casa Verde, fundada em 1994. “Império pra mim representa uma família mesmo. É definitivamente a minha maior paixão e o samba é o complemento desse amor. É ele que faz o coração bater mais rápido na avenida, é uma inspiração nos momentos tristes e nos felizes”, diz o membro da “caçula das escolas de samba”.
Mas para os sambistas mais antigos, a cultura do samba e do carnaval já não é a mesma. Com todas as regras impostas para o desfile, muito se perdeu, em especial, a elegância da dança. “A origem do Brasil está indo embora. Se continuar assim, o samba acaba em quatro anos”, lamenta Dona Guga. “Não tem mais carnaval. Isso é mais uma competição entre as escolas, nós mais andamos do que desfilamos. Nossa cultura e nossos costumes estão desaparecendo em prol dos interesses”, afirma Carlão do Peruche.


Texto elaborado por mim para a disciplina de Introdução ao Jornalismo

Um comentário:

  1. Ah, eu já tinha lido a primeira versão! Ficou bem legal!

    Minha menininha está crescendo e virando uma jornalista!

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